TEORIAS ANTI-AUTORITÁRIAS EM EDUCAÇÃO



Uma das mais radicais críticas feitas à escola tradicional talvez esteja na denúncia do seu caráter autoritário. A escola hierarquizada, magistrocêntrica, esclerosada em modelos, impregnada de dogmas e regras é identificada de forma pejorativa a uma “escola-quartel”.


A educação deve ser realizada em liberdade e para a liberdade.
Educadores dessa abordagem são preocupados em centrar o processo de aprendizagem no aluno, não no professor.

Influências predominantes:

Sigmund Freud (1856-1939): suas análises da formação das neuroses dá elementos para se compreender como a atuação de pais e mestres na educação das crianças pode ser repressora (criando adultos doentes) ou libertadora (educando para a autonomia)
“Cabe ao ego maduro estabelecer o equilíbrio entre as forças antagônicas do id e do superego, a fim de adequá-las ao princípio da realidade”.

Anarquismo:

É uma corrente filosófica, social e política que nega o poder do Estado e defende que o Homem tenha a mais ampla liberdade individual.
Significa, portanto, a libertação de todo o poder superior, tais como: religião, doutrinas políticas, leis, governos, partidos. Também defende uma sociedade igualitária, ou seja, sem diferenças sociais e econômicas.
Seus principais líderes são: Pierre Proudhon (1809-1865); Mikhail Bakunin (1814-1876) e Kropótkin (1842-1912)

Principais representantes na Educação: As pedagogias Não-diretivas

Carl Roger (1902-1987): psicólogo clínico americano versado em psicanálise, aplica na educação os procedimentos da terapia.
“O homem é capaz de resolver por si só seus problemas, bastando que tenha autocompreensão ou percepção do eu”.
É necessário que o educador não propriamente dirija, mas crie condições para que o sujeito seja capaz de se guiar por conta própria.
“Comunidade de aprendizagem” – Segundo Roger o ato educativo deve ser essencialmente relacional, não individual” (T-group)


Alexander Sutherland Neill (1883-1973): Em seu livro “Liberdade sem Medo”, relata a experiência efetuada na escola de Summerhill, fundada em 1927, na qual são abolidas a repressão e o autoritarismo, fruto do sistema capitalista.
Leitor de Freud e Marx, está atento às formas de repressão da vida sexual, às restrições que a sociedade autoritária faz aos instintos, impedindo pelo medo o desenvolvimento da liberdade e emancipação humana.
Para ele, constranger uma criança a estudar alguma coisa tem a mesma força de um governo que obriga a adotar uma religião.

A escola libertária

Francisco Ferrer y Guardia (1859-1909): fundou a Escola moderna de barcelona. Destaca o papel da escola no projeto mais amplo das transformações políticas e sociais. Dedicou-se a militância política em sala de aula.
Era um grande crítico da atuação do Estado e da Igreja na Educação.

As pedagogias Institucionais

Os elementos comuns à pedagogia Institucional são a oposição à escola tradicional, a negação de todo recurso de coerção, a proposta de autogestão, a influência das experiências comunitárias de Summerhill e a psicanálise de Freud.
Michel Lobrot (principal representante) – “O princípio consiste em confiar aos alunos tudo o que é possível lhes confiar, isto é, não a elaboração dos programas ou a decisão dos exames, que não dependem nem dos docentes nem de seus alunos, mas o conjunto da vida, das atividades e da organização do trabalho dentro desse âmbito”.


Características pedagógicas:

n      Relação aluno/professor – O professor não comanda o processo de aprendizagem, mas é antes um “facilitador” da atividade do aluno. Predomina a não-diretividade, pela qual o mestre não dirige, mas cria as condições de atuação da criança. Evita-se a hierarquia que propicia o exercício do poder.
n      Conteúdo – Não pode resultar das exposições do professor; precisa ter aproximação aos interesses dos alunos, ou seja, não pode estar desligado de suas experiências de vida.
n      Metodologia – não resulta de caminhos pré-estipulados pelo professor, mas se baseia na autogestão. Daí a valorização das “comunidades de aprendizagem”, cuja direção é dada pelo grupo em discussões, encontros e assembléias.
n      Avaliação – despreza-se seus clássicos instrumentos (exames, qualificação, notas, etc). Prefere-se a auto-avaliação, que parte da aprendizagem da autocrítica e da responsabilidade.
n      Disciplina – resulta da autonomia e nunca é imposta externamente; nada de prêmios, castigos, etc.


In:_____ ARANHA, Maria Lúcia de A. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 1996.