Buenaventura Durruti, em entrevista ao jornalista Van Passen, 1936





Van Passen(repórter): É um homem alto, moreno, de traços rudes, filho de humildes camponeses. Já considera os militares rebeldes derrotados?
Buenaventura Durruti: Não. Ainda não os vencemos. Eles possuem Zaragoza e Pamplona, ali onde estão os arsenais e as fábricas de munições. Temos que tomar Zaragoza e depois iremos ao encontro das tropas compostas de legionários estrangeiros que estão no sul sob o mando do general Franco. Dentro de duas ou três semanas nos encontraremos envolvidos em
batalhas decisivas.
V.P.: Duas ou três semanas?
Durruti: Duas ou três semanas ou talvez um mês. A luta se prolongará no mínimo por todo o mês de agosto. O povo trabalhador está armado. Nessa conjuntura, o exército não conta, há dois campos: dos homens que lutam pela liberdade e os que lutam para derrotá-la. Todos os trabalhadores da Espanha sabem que, se o fascismo triunfar, terão fome e escravidão. Mas os fascistas também sabem o que lhes espera se perderem. Por isso essa luta é implacável. Para nós, é uma questão de esmagar o fascismo de maneira que não possa jamais levantar sua cabeça na Espanha. Estamos decididos a terminar de uma vez por todas com ele, e isso, apesar do governo.
V.P.: Por você fala “apesar do governo”? Por acaso esse governo não está lutando contra a legião fascista?
Durruti: Nenhum governo do mundo combate o fascismo até suprimir-lo. Quando a burguesia vê que o poder lhe escapa das mãos recorre ao fascismo para manter o poder de seus privilégios, e isso é o que ocorre na Espanha. Se o governo republicano tivesse desejado eliminar os elementos fascistas, podia tê-lo feito a muito tempo. Ao invés disso, contemporizou, transigiu e gastou seu tempo buscando compromissos e acordos com eles. Mesmo no atual momento existem membros do governo que desejam tomar medidas “muito moderadas” contra os fascistas. É, quem sabe se o governo ainda não espera utilizar as forças rebeldes para esmagar o movimento revolucionário desencadeado pelos trabalhadores.
V.P.: Então você vê dificuldades mesmo depois que os rebeldes sejam vencidos?
Durruti: Efetivamente. Haverá resistência por parte da burguesia que não aceitará se submeter à revolução, que nós manteremos com toda sua força.
V.P.: Largo Caballero afirmou que a missão da Frente Popular é salvar a república e restaurar a ordem burguesa, e você, Durruti, me disse que o povo quer levar para frente a revolução o mais longe possível. Como interpretar essa contradição?
Durruti: O antagonismo é evidente. Como democratas burgueses esses senhores não poderiam ter outras ideias a não ser estas que defendem. Mas o povo, a classe trabalhadora, está cansada de ser enganada. Os trabalhadores sabem o que querem. Nós lutamos não pelo povo, senão com o povo. Quer dizer, pela revolução dentro da revolução. Nós temos consciência que nessa luta estamos sozinhos e que não podemos contar como ninguém senão com nós mesmos. Para nós, não quer dizer nada que exista uma União Soviética em algum lugar do mundo, por que sabíamos de antemão qual era sua atitude em relação a nossa revolução. Para a União Soviética a única coisa que importa é estar tranqüila. Para gozar dessa tranquilidade Stalin sacrificou os trabalhadores alemães à barbárie fascista. Antes tinha sido os operários chineses que haviam sido vítimas desse abandono. Nós já estamos conscientes e desejamos levar nossa revolução para frente, por que a queremos para hoje e não para depois da próxima guerra européia. Nossa atitude é um exemplo de que estamos dando mais dor de cabeça à Hitler e Mussolini do que o exército vermelho. Por que temem que seus povos, inspirando-se em nós, se contagiem e terminem com o fascismo na Alemanha e Itália. Mas esse temor também comparte Stalin, porque o triunfo de nossa revolução irá necessariamente repercutir no povo russo.
V.P.: Este é o homem que representa uma organização sindical que conta aproximadamente com dois milhões de filiados e sem cuja colaboração a república não pode existir, mesmo com a vitória sobre os sublevados [fascistas]. Eu quis conhecer seu pensamento. Porque para compreender o que está acontecendo na Espanha é preciso saber como pensam os trabalhadores. Por essa razão entrevistei Durruti, que por sua importância popular, é um autêntico e característico representante dos trabalhadores armados. Em suas respostas decorre claramente de que Moscou no têm nenhuma influência nem autoridade para falar em nome dos trabalhadores espanhóis. Segundo Durruti, nenhum dos Estados europeus se sente atraídos pelo sentimento libertário da revolução espanhola, senão desejosos de estrangular-la. Você espera alguma ajuda de França ou de Inglaterra, agora que Hitler e Mussoline começaram a ajudar os militares rebeldes?
Durruti: Não espero nenhuma ajuda para uma revolução libertária por parte de nenhum governo do mundo. Talvez os interesses conflitantes dos vários imperialismos diferentes possam ter alguma influência sobre nossa luta, é possível. O general Franco está fazendo tudo o que pode para arrastar a Europa para uma guerra. Ele não hesitará em lançar a Alemanha contra nós. Mas no fim das contas eu não espero ajuda de ninguém, nem sequer, em última instancia, de nosso próprio governo.
V.P.: É possível vocês ganharem sozinhos? Tão logo vencerem estarão sentados sobre um monte de ruínas…
Durruti: Nós sempre vivemos na miséria, e nos acomodaremos a ela por algum tempo, mas não esqueça que os trabalhadores são os únicos produtores de riqueza. Somos nós, os operários, que fazemos marchar as máquinas nas indústrias, nós que extraimos o carvão e os minerais das minas, nós que construímos as cidades. Porque não iríamos reconstruir, e ainda em melhores condições, aquilo que foi destruído? A ruína não nos dá medo. Sabemos que não
vamos herdar nada mais que ruínas. Porque a burguesia tratará de arruinar o mundo na última fase da sua história. Porém, nós não tememos as ruínas, porque levamos um mundo novo em nossos corações. Esse mundo está crescendo nesse momento.

Alienação e Liberdade.



      O que fará hoje quando chegar em casa do trabalho?
tomar banho,jantar e ir pra sala ou cama assistir a novela,acertei?
      No Brasil é assim que o Estado (Poderes Legislativo,Judiciário e Executivo) o mantêm estagnado,parado em frente a caixa de ilusões,absolvendo informações que ocupam seu momento,mas não são úteis para seu crescimento intelectual.
    O Estado o quer alienado,formar cidadães conscientes de seus direitos e desligados dos dogmas impositores não o interessa,por isso cabe a você se libertar,não espere encontrar educação consciente nas instituições de ensino,na televisão,no cinema dos shoppings, na música das rádios ou na "bíblia".
   Procure a liberdade intelectual, a liberdade dos dogmas retrógrados da sociedade, a liberdade do preconceito enraizado na educação,a liberdade das falsas verdades contadas a você durante toda sua vida,procure sua liberdade nos livros.
    Leia,dedique um tempo de seu dia ao seu crescimento intelectual,o que a principio será quase um dever em pouco tempo se tornará um prazer e chegará momento que seu desejo de informação será insaciável,prazer para a mente.
   Quem lê sabe porque!
dicas de escritores: Proudhon, Bakunin, Malatesta, Emma Goldman, George Orwell, Peter Singer, Noam Chomsky.

Os Dez Princípios do Anarquismo


São esses os princípios de uma organização humana sem a presença de predominância social ou física, são a base da liberdade das mãos opressoras do comunismo autoritário, nacional socialismo, democracias liberais, teocracias, monarquias e todas formas de governo que priorizam a supremacia e opressão em benefício próprio de uns sobre outros, somos racionais, podemos nos organizar, basta quebrar as correntes da alienação e o principal, LUTAR:
Os Dez Princípios do Anarquismo
AUTONOMIA :: Esta é a condição indispensável para obter-se a liberdade individual/coletiva. Significa o respeito às decisões, vontades, e opniões do indivíduo em relação ao grupo e vice-versa. Por exemplo: caso um grupo decida em prol de determinada ação, os membros discordantes não ficam obrigados a participar da mesma. Para isso não devem haver relações de dependência que impeçam as pessoas de se posicionarem livremente.

APOIO MÚTUO :: É  a ajuda entre seres de uma organização social onde as partes interagem, auxiliando-se e fortalecendo-se. Tal prática não permite disputas, que são fundamentadas no princípio irracional de superioridade entre seres, sendo destrutivo para o convívio humano. Nossa proposta é somar forças para alcançar uma melhor qualidade de vida para todos.

AUTOGESTÃO :: A autogestão é por princípio, a comunidade cuidando diretamente de seus próprios deveres e interesses. Para que ela aconteça terá de haver ampla liberdade de organização sem leis cerceantes e hierarquias. Por este simples fato os partidos políticos e legisladores tornam-se desnecessários. Afinal se as pessoas tomam para si as responsabilidades de gerenciamento de suas vidas, os representantes profissionais e demais poderes são completamente inúteis.

INTERNACIONALISMO :: Não deveriam existir fronteiras. Não deveriam existir nacionalidades. Patriotismo é um sentimento mesquinho que só faz acontecer guerras inúteis e acirrar a raiva entre os povos. A luta pela liberdade passa pela derrubada do capital, que explora e oprime em todo o globo. Ao invés do estado nação, defendemos a autodeterminação dos povos. Somos internacionalistas, pois nossa ação é revolucionária e acontece em todos os lugares do planeta.

ANTIMILITARISMO :: Dentro da instituição militar impera o autoritarismo a partir de um complexo esquema de hierarquia de poder. Qualquer tipo de autoritarismo é inválido! Por quê um é melhor que o outro? Porque é mais velho? Porque tem mais medalhas no peito? Todos são iguais! Uns podem deter mais experiência, pois então que passem para os outros! O respeito virá naturalmente! Criar um sistema hierárquico por via de medalhas e impô-lo a todos é artificial! Abaixo o autoritarismo!

AÇÃO DIRETA :: A ação direta é o princípio onde você faz e decide diretamente tudo o que lhe diz respeito, em oposição a idéia de representação. O indivíduo por ser único é impossível de ser representado. Quando os movimentos sociais passam a agir e não somente reagir ao sistema, pacífica ou violentamente se faz chamar de ação direta, a maturidade de uma organização, a essência da atual libertária e a única maneira de trilhar um caminho contínuo para a revolução social.

AUTO DEFESA :: Um princípio libertário que propõe a defesa do indivíduo e/ou coletivo, para garantir sua sobrevivência contra forças opressoras da reação. Temos de nos defender do sistema e derrubá-lo, a liberdade não é negociada, nem barganhada, mas sim conquistada. Não se pode "confiar na polícia" e muito menos fazer-nos de vítimas indefesas do sistema. A característica ácrata é a ética e dignidade, "É melhor morrer de pé do que viver de joelho", a autodefesa acompanha toda a atuação anarquista.

VIVER A VIDA :: Fazer a sua parte não é encarar o mundo sob uma visão pessimista. Mesmo sabendo que o mundo é cruel, temos de saber que não podemos mudá-lo de uma hora para outra. Por isso, antes de desistir, desacreditar-se, dar um tiro na cabeça ou tomar qualquer outra atitude assassina-suicída, é necessário encarar a realidade, sabendo que, com pequenas atitudes e esforços, conseguimos mudar a cena.

INDIVIDUALISMO :: Individualismo não é, como a maioria faz crer, uma forma de egoísmo, e sim uma valorização do indivíduo, do individual. Um individualista é único, incopiável, livre e incensurável. "Até onde começa a liberdade do próximo." Todos somos únicos. Até o mais alienado dos humanos tem uma qualidade, uma peculariedade a mais ou a menos pelo menos. Tais qualidades não significam que há melhores e piores, e sim que somos todos diferentes, únicos. Massificar, exigir de todos o mesmo comportamento e rendimento é um atentado à vida, tão vil quanto julgar-se individualista pelo cruel ato de pensar no seu próprio umbigo apenas, mesmo que, para isso, tenha de atropelar, pisar, esmagar e ignorar aos demais.

APARTIDARISMO :: Eleições criam ilusões e desviam energias da luta direta contra o Estado e o capital, deixando desarmado os trabalhadores. Em 1970 os Chilenos acreditaram que se acabaria com o capitalismo elegendo um presidente socialista, em 1973 os militares rasgaram a constituição e instalaram a sanguinolenta ditadura de Pinochet. Em 1964 por muito menos os militares brasileiros rasgaram a constituição e apearam Jango do poder. Por tanto não será elegendo um operário, um democrata ou um socialista que sairemos desse pesadelo. Aqui e agora, no seu bairro, no seu local de trabalho na sua família, na sua escola lutando junto aos seus companheiros pela liberdade e para romper as estruturas autoritárias da sociedade, devemos lutar para cotidianizar a revolução e revolucionar o cotidiano.

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