As Origens do Preconceito Humano

ÓTIMA DISSERTAÇÃO EXPLICATIVA SOBRE ESSE IMPASSE NO RELACIONAMENTO HUMANO, LEIA E TENTE ENTENDER UM POUCO DO QUE É NATURAL E O QUE NÃO É NATURAL, (MUITAS VEZES SE TORNANDO UM CRIME) CONTRA O INDIVIDUO VÍTIMA DE PRECONCEITO E LEMBREM-SE:

A IGNORÂNCIA E A INTOLERÂNCIA SÃO AS BASES DE TODO PRECONCEITO,

A INTELIGÊNCIA E A CONSCIÊNCIA SOCIAL SÃO AS BASES DO RESPEITO!
 
Um dos aspectos mais problemáticos da natureza humana é, sem dúvida, o preconceito. Procurando fugir um pouco do debate acalorado que cerca o assunto, e da tendência as vezes inevitável de ser "politicamente correto", aqui eu tento abordar o tema sob um ponto de vista mais científico, fazendo uso do que já temos em mãos na literatura acadêmica a esse respeito.

Quase inconscientemente, vivemos às voltas com atitudes de pré-julgamento sobre praticamente tudo: desde o que comemos, vestimos ou nos divertimos. Sem dúvida alguma o que fazem os indivíduos de dentro de nosso grupo social, e também os de fora dele, chama muito a nossa atenção. Geralmente atitudes ou eventos de qualquer natureza que não são comuns em nosso meio social podem nos causar espanto, preocupação, insegurança, medo, fuga e finalmente, rejeição à pessoa ou evento.

Tenho uma forte intuição de que o preconceito, seja ele racial, religioso, de orientação sexual ou mesmo ideológico, deve ter alguma origem genética. Quando penso no Sistema Visual Humano, meu objeto de estudo há quinze anos, encontro respostas para atitudes genéricas, não somente da raça humana, mas da maioria dos seres vivos. Acredito firmemente na hipótese de que, se não usássemos a nossa pré-atentividade para nos guiar no nosso mundo tão perigoso, não estaríamos aqui como civilização; pois teríamos sucumbido já na idade da pedra. E o que é pré-atentividade? Segundo neurocientistas, é a capacidade de antever o que vamos ver; É o cálculo inconsciente da mais provável probabilidade do que estamos prestes a observar, seja por um longo período de tempo, seja por uma menor fração de segundo.

Se olharmos para o lado quando pressentimos que alguém se aproxima, temos a sensação de ver alguém mesmo antes de focarmos nossa retina na pessoa. Isso significa que não precisamos de muitos detalhes para descrever o que vemos com nossos olhos. Tente pensar em uma rua nova que acabou de passar. Com certeza não irá descrever detalhes quando alguém lhe pedir para falar sobre ela. O nosso cérebro guarda somente aquilo que é fundamental à nossa sobrevivência: aspectos gerais; o resto a gente deduz.

Mas essa capacidade de descrever em linhas gerais e fazer generalizações também pode estar por trás de um outro aspecto antagônico: o medo e a insegurança quando erramos na previsão; quando nossa pre-atentividade nos engana, ou falha. Se o que você espera ver é alguém conhecido de seu grupo social, e, ao focar atenção você observa algo completamente inesperado, mecanismos involuntários de defesa como fúria, medo ou sentimento de fuga e rejeição são imediatamente postos em ação. É o que eu costumo falar a meus alunos: nós não gostamos daquilo que não entendemos, e não entendemos aquilo que não esperamos ver ou saber. O que o nosso cérebro não compreende no momento, lutamos contra, pois pode representar perigo. Nosso instinto de sobrevivência é involuntário pois precisa estar em constante alerta, mesmo nos dias modernos de hoje.

Parece então que esse sentimento de aversão a tudo aquilo que não compreendemos fora da nossa rotina diária, faz na verdade parte de um complexo mecanismo de autodefesa, cunhado há milhões de anos em nosso DNA nos primórdios da vida humana, e diria mesmo, nos primórdios da vida no planeta, pois acredito que todo ser vivo vem programado geneticamente para sentir medo, insegurança e lutar contra aquilo que não entende de imediato.

Então podemos concluir que viemos programados para muitos tipos de preconceitos, o que seria a redenção e até mesmo a absolvição de culpa por quaisquer atitudes modernas preconceituosas de qualquer natureza? Na verdade, quando se trata de preconceitos humanos por pessoas ou atitudes fora de nosso grupo social, esse caráter aparentemente genético da rejeição e, portanto, involuntário, parece ser mais um “tiro pela culatra" na vida provocado por nossa própria genética evolutiva do que um “mecanismo primitivo de autodefesa”, uma vez que não preciso enumerar aqui, nem lembrar as inúmeras barbaridades feitas pelo ser humano (em todos os seus estágios evolutivos) contra seus semelhantes em nome da rejeição àqueles que são declarados “diferentes” em algum aspecto: seja religioso, racial, sexual, econômico ou ideológico. O problema então, na minha mera opinião, não está em sentir o preconceito, uma vez que este é puramente genético, mas sim, nas atitudes que tomamos diante deles. Sentir-se diferente em termos de raça, opção sexual, religião ou ideologia é inerentemente humano, mas punir alguém por esses aspectos serem diferentes dos nossos é o verdadeiro crime.

Um indício forte do caráter genético das origens de nossos preconceitos está nos estudos da Dra. Laurie Santos, do Departamento de Psicologia da Universidade de Harvard, que mostra que atitudes preconceituosas podem existir entre nossos primos reshus macaques. Observações experimentais sugerem que esses macacos mostram-se extremamente preconceituosos com relação a indivíduos de fora de seus grupos sociais, e afáveis com indivíduos de dentro de seus grupos. Esses preconceitos foram observados em forma de medo, insegurança e até mesmo repúdio. A reportagem completa pode ser lida nesse link aqui: http://opac.yale.edu/news/article.aspx?id=8345

Conclusão. Acho que sentir preconceito não é mesmo uma opção e sim natural, mas as atitudes e aspectos negativos vivenciados dentro de nossa sociedade, como punir de qualquer forma um indivíduo pela simples cor de pele, opção sexual, religiosidade ou ideologia, este sim, constitui uma atitude voluntária e repugnante, que deve ser combatida em todas as suas formas. Quando falo em punição, estou me referindo desde o simples fato de negar a alguém o direito universal de conviver como ser humano, com todos os seus direitos previstos e não previstos nas nossas leis, até mesmo explicitar, caçoar, fazer troça ou incitar a violência simplesmente por ser diferente.

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PSérgio

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