A Organização I e I I - Errico Malatesta


A Organização I



Há anos que muito se discute entre os anarquistas
esta questão. E como freqüentemente acontece quando se
discute com ardor à procura da verdade, acredita-se, em
seguida, ter razão. Quando as discussões teóricas são
apenas tentativas para justificar uma conduta inspirada
por outros motivos, produz-se uma grande confusão de
idéias e de palavras.
Lembraremos, de passagem, sobretudo para nos
livrarmos delas, as simples questões de frases
empregadas, que, às vezes, atingiram o cúmulo do
ridículo, como por exemplo: "Não queremos a organização,
mas a harmonização", "Opomo-nos à associação, mas a
admitimos", "Não queremos secretário ou caixa, porque é
um sinal de autoritarismo, mas encarregamos um
camarada para se ocupar do correio e outro do dinheiro";
passemos a discussão séria.
Se não pudermos concordar, tratemos pelo menos de
nos compreender.
Antes de mais nada, distingamos, visto que a questão
é tripla: a organização em geral, como princípio e
condição da vida social, hoje, e na sociedade futura; a
organização das forças populares, e, em particular, a das
massas operárias, para resistir ao governo e ao
capitalismo.
A necessidade de organização na vida social – direi
que organização e sociedade são quase sinônimos – é
coisa tão evidente que mal se pode acreditar que pudesse
ter sido negada.
Para nos darmos conta disso, é preciso lembrar que
ela é a função específica, característica do movimento
anarquista, e como homens e partidos estão sujeitos a se
deixarem absorver pela questão que os interessa mais
diretamente, esquecendo tudo o que a ela se relaciona,
dando mais importância à forma que ao conteúdo e,
enfim, vendo as coisas somente de um lado, não
distinguindo mais a justa noção da realidade.
O movimento anarquista começou como uma reação
contra o autoritarismo dominante na sociedade, assim
como todos os partidos e organizações operárias, e se
acentuou com os adventos de todas as revoltas contra as
tendências autoritárias e centralistas. Era
natural, em conseqüência, que inúmeros
anarquistas estivessem como que hipnotizados por esta
luta contra a autoridade e que eles combatem, para
resistir à influência da educação autoritária, tanto a
autoridade quanto a organização, da qual ela é a alma.
Na verdade, esta fixação chegou ao ponto de fazer
sustentar coisas realmente incríveis. Combateu todo o
tipo de cooperação e de acordo porque a associação é a
antítese da anarquia. Afirma-se que sem acordos, sem
obrigações recíprocas, cada um fazendo o que lhe passar
pela cabeça, sem mesmo se informar sobre o que fazem
os outros, tudo estaria espontaneamente em harmonia:
que a anarquia significa que cada um deve bastar-se a si
mesmo e fazer tudo que tem vontade, sem troca e sem
trabalho em associação. Assim, as ferrovias poderiam
funcionar muito bem sem organização, como acontecia na
Inglaterra (!). O correio não seria necessário: alguém de
Paris, que quisesse escrever uma carta a Petersburgo...

Podia ele próprio levá-la (!!) etc.
Dir-se-á que são besteiras, que não vale a pena
discuti-las. Sim, mas estas besteiras foram ditas,
propagadas: foram autêntica das idéias anarquistas.
Servem sempre como armas de combate aos adversários,
burgueses ou não, que querem conseguir uma fácil vitória
sobre nós. E, também, estas "besteiras" não são sem
valor, visto que são a conseqüência lógica de certas
premissas e que podem servir como prova experimental da
verdade, ou pelo menos dessas premissas.
Alguns indivíduos, de espírito limitado, mas providos
de espírito lógico poderoso, quando aceitam premissas,
extraem delas todas as conseqüências até que, por fim, e
se a lógica assim o quer, chegam, sem se desconcertar,
aos maiores absurdos, à negação dos fatos mais
evidentes. Mas há outros indivíduos mais cultos e de
espírito mais amplo que encontram sempre um meio de
chegar a conclusões mais ou menos razoáveis, mesmo ao
preço da violentação da lógica. Para eles, os erros
teóricos têm pouca ou nenhuma influência na conduta
prática. Mas, em suma, desde que não se haja renunciado
a certos erros fundamentais, estamos sempre ameaçados
por silogismos exagerados, e voltamos sempre ao
começo.
O erro fundamental dos anarquistas adversários da
organização é crer que não há possibilidade de
organização sem autoridade. E uma vez admitida esta
hipótese, preferem renunciar a toda organização, ao invés
de aceitar o mínimo de autoridade.
Agora que a organização, quer dizer, a associação com
um objetivo determinado e com as formas e os meios
necessários para atingir este objetivo, é necessária à vida
social, é uma evidência para nós. O homem isolado não
pode sequer viver como um animal: ele é impotente
(salvo em regiões tropicais, e quando a população é muito
dispersa) e não pode obter sua alimentação; ele é
incapaz, sem exceção, de ter uma vida superior àquela
dos animais. Conseqüentemente, é obrigado a se unir a
outros homens, como a evolução anterior das espécies o
mostra, e deve suportar a vontade dos outros
(escravidão), impor sua vontade z aos outros
(autoritarismo), ou viver com os outros em fraternal
acordo para o maior bem de todos (associação). Ninguém
pode escapar dessa necessidade. Os antiorganizadores
mais imoderados suportam não apenas a organização
geral da sociedade em que vivem, mas também em seus
atos, em sua revolta contra a organização, eles se unem,
dividem a tarefa, organizam-se com aqueles que
compartilham suas idéias, utilizando os meios que a
sociedade coloca à sua disposição; com a condição de que
estes sejam platônicas. fatos reais e não vagas aspirações Anarquia
significa sociedade organizada sem autoridade,
compreendendo-se autoridade como a
faculdade de impor sua vontade. Todavia, também
significa o fato inevitável e benéfico que aquele que
compreende melhor e sabe fazer uma coisa, consegue
fazer aceitar mais facilmente sua opinião. Ele serve de
guia, quanto a esta coisa, aos menos capazes que ele.
Segundo nossa opinião, a autoridade não é necessária
à organização social, mais ainda, longe de ajudá-la, vive
como parasita, incomoda a evolução e favorece uma dada
classe que explora e oprime as outras. Enquanto há
harmonia de interesses em uma coletividade, enquanto
ninguém pode frustrar outras pessoas, não há sinal de
autoridade. Ela aparece com a luta intestina, a divisão em
vencedores e vencidos, os mais fortes confirmando a sua vitória.
Temos esta opinião e é por isso que somos
anarquistas, caso contrário, afirmando que não pode
existir organização sem autoridade, seremos autoritários.
Mas ainda preferimos a autoridade que incomoda e desola
a vida, à desorganização que a torna impossível.
De resto, o que seremos nos interessa muito pouco.
Se é verdade que o maquinista e o chefe de serviço
devem forçosamente ter autoridade, assim como os
camaradas que fazem para todos um trabalho
determinado, as pessoas sempre preferirão suportar sua
autoridade a viajar a pé. Se o correio fosse apenas esta
autoridade, todo homem são de espírito a aceitaria para
não ter de levar, ele próprio, suas cartas. Se se recusa
isto, a anarquia permanecerá o sonho de alguns e nunca
se realizará.



A Organização II


Estando admitida a existência de uma coletividade organizada
sem autoridade, isto é, sem coerção, caso contrário, a anarquia não
teria sentido, falemos da organização do partido anarquista.
Mesmo nesses casos, a organização nos parece útil e necessária.
Se o partido, ou seja, o conjunto dos indivíduos que têm um objetivo
em comum e se esforçam para alcançá-lo, é natural que se entendam,
unam suas forças, compartilhem o trabalho e tomem todas as
medidas adequadas para desempenhar esta tarefa. Permanecer
isolado, agindo ou querendo agir cada um por sua conta, sem se
entender com os outros, sem preparar-se, sem enfeixar as fracas
forças dos isolados, significa condenar-se à fraqueza, desperdiçar sua
energia em pequenos atos ineficazes, perder rapidamente a fé no
objetivo e cair na completa inação.
Mas isto parece de tal forma evidente que, ao invés de fazer sua
demonstração, responderemos aos argumentos dos adversários da
organização.
Antes de mais nada, há uma objeção, por assim dizer, formal.
"Mas de que partido nos falais? Dizem-nos, nem sequer somos um,
não temos um programa". Este paradoxo significa que as idéias
progridem, evoluem continuamente, e que eles não podem aceitar
um programa fixo, talvez válido hoje, mas que estará com certeza
ultrapassado amanhã.
Seria perfeitamente justo se se tratasse de estudantes que
procuram a verdade, sem se preocuparem com as aplicações
práticas. Um matemático, um químico, um psicólogo, um sociólogo
podem dizer que não há outro programa senão o de procurar a
verdade: eles querem conhecer, mas sem fazer alguma coisa. Mas a
anarquia e o socialismo não são ciências: são proposições, projetos
que os anarquistas e os socialistas querem por em prática e que,
conseqüentemente, precisam ser formulados como programas
determinados. A ciência e a arte das construções progridem a cada
dia. Mas um engenheiro, que quer construir ou mesmo demolir, deve
fazer seu plano, reunir seus meios de ação e agir como se a ciência e a
arte tivessem parado no ponto em que as encontrou no início de seu
trabalho. Pode acontecer, felizmente, que ele possa utilizar novas
aquisições feitas durante seu trabalho sem renunciar à parte
essencial de seu plano. Pode acontecer do mesmo modo que as novas
descobertas e os novos meios industriais sejam tais que ele se veja na
obrigação de abandonar tudo e recomeçar do zero. Mas ao
recomeçar, precisará fazer novo plano, com base no conhecimento e
na experiência; não poderá conceber e por-se a executar uma
construção amorfa, com materiais não produzidos, a pretexto que
amanhã a ciência poderia sugerir melhores formas e a indústria
fornecer materiais de melhor composição.
Entendemos por partido anarquista o conjunto daqueles que
querem contribuir para realizar a anarquia, e que, por conseqüência,
precisam fixar um objetivo a alcançar e um caminho a percorrer.
Deixamos de bom grado às suas elucubrações transcendentais os
amadores da verdade absoluta e de progresso contínuo, que, jamais
colocando suas idéias à prova, acabam por nada fazer ou descobrir.
A outra objeção é que a organização cria chefes, uma autoridade.
Se isto é verdade, se é verdade que os anarquistas são incapazes de
se reunirem e de entrarem em acordo entre si sem se submeter a um
autoridade, isto quer dizer que ainda são muito pouco anarquistas.
Antes de pensar em estabelecer a anarquia no mundo, devem pensar
em se tornar capazes de viver como anarquistas. O remédio não está
na organização, mas na consciência perfectível dos membros.
Evidentemente, se em uma organização, deixa-se a alguns todo o
trabalho e todas as responsabilidades, se nos submetemos ao que
fazem alguns indivíduos, sem por a mão na massa e procurar fazer
melhor, esses "alguns" acabarão, mesmo que não queiram,
substituindo a vontade da coletividade pela sua. Se em uma
organização todos os membros não se interessam em pensar, em
querer compreender, em pedir explicações sobre o que não
compreendem, em exercer sobre tudo e sobre todos as suas
faculdades críticas, deixando a alguns a responsabilidade de pensar
por todos, esses "alguns" serão os chefes, as cabeças pensantes e
dirigentes.
Todavia, repitamos, o remédio não está na ausência de
organização. Ao contrário, nas pequenas como nas grandes
sociedades, excetuando a força brutal, a qual não nos diz respeito no
caso em questão, a origem e a justificativa da autoridade residem na
desorganização social. Quando uma coletividade tem uma
necessidade e seus membros não estão espontaneamente
organizados para satisfazê-la, surge alguém, uma autoridade que
satisfaz esta necessidade servindo-se das forças de todos e dirigindo-
as à sua maneira. Se as ruas são pouco seguras e o povo não sabe se
defender, surge uma polícia que, por uns poucos serviços que presta,
faz com que a sustentem e a paguem, impõe-se a tirania. Se há
necessidade de um produto e a coletividade não sabe se entender
com os produtores longínquos para que eles enviem esse produto em
troca por produtos da região, vem de fora o negociante que se
aproveita da necessidade que possuem uns de vender e outros de
comprar e impõe os preços que quer a produtores e consumidores.
Como vedes, tudo vem sempre de nós: quanto menos estávamos
organizados, mais nos encontrávamos sob a dependência de certos
indivíduos. E é normal que tivesse sido assim.
Precisamos estar relacionados com os camaradas das outras
localidades, receber e dar notícias, mas não podemos todos nos
correspondermos com todos os camaradas. Se estamos organizados,
encarregamos alguns camaradas de manter a correspondência por
nossa conta; trocamo-os se eles não nos satisfazem, e podemos estar
informados sem depender da boa vontade de alguns para obter uma
informação. Se, ao contrário, estamos desorganizados, haverá alguém
que terá os meios e a vontade de corresponder; ele concentrará em
suas mãos todos os contatos, comunicará as notícias como bem
quiser, a quem quiser. E se tiver atividade e inteligência suficientes,
conseguirá, sem nosso conhecimento, dar ao movimento a direção
que quiser, sem que nos reste a nós, a massa do partido, nenhum
meio de controle, sem que ninguém tenha o direito de se queixar,
visto que este indivíduo age por sua conta, sem mandato de ninguém
e sem ter que prestar contas a ninguém de sua conduta.
Precisamos de um jornal. Se estamos organizados, podemos
reunir os meios para fundá-lo e fazê-lo viver, encarregar alguns
camaradas de redigi-lo e controlar sua direção. Os redatores do
jornal lhe darão, sem dúvida, de modo mais ou menos claro, a marca
de sua personalidade, mas serão sempre pessoas que teremos
escolhido e que poderemos substituir. Se, ao contrário, estamos
desorganizados, alguém que tenha suficiente espírito de
empreendimento fará o jornal por sua própria conta: encontrará
entre nós os correspondentes, os distribuidores, os assinantes, e fará
com que sirvamos seus desígnios, sem que saibamos ou queiramos. E
nós, como muitas vezes aconteceu, aceitaremos ou apoiaremos este
jornal, mesmo que não nos agrade, mesmo que tenhamos a opinião
de que é nocivo à Causa, porque seremos incapazes de fazer um que
melhor represente nossas idéias.
Desta forma, a organização, longe de criar a autoridade, é o único
remédio contra ela e o único meio para que cada um de nós se
habitue a tomar parte ativa e consciente no trabalho coletivo, e deixe
de ser instrumento passivo nas mãos dos chefes.
Se não fizer nada e houver inação, então, certamente, não haverá
nem chefe, nem rebanho; nem comandante, nem comandados, mas,
neste caso, a propaganda, o partido, e até mesmo a discussão sobre a
organização, cessarão, o que, esperamos, não é o ideal de ninguém...
Contudo, uma organização, diz-se supõe a obrigação de
coordenar sua própria ação e a dos outros, portanto, violar a
liberdade, suprimir a iniciativa. Parece-nos que o que realmente
suprime a liberdade e torna impossível a iniciativa é o isolamento que
produz a impotência. A liberdade não é direito abstrato, mas a
possibilidade de fazer algo. Isto é verdade para nós como para a
sociedade em geral. É na cooperação dos outros que o homem
encontra o meio de exercer sua atividade, seu poder de iniciativa.
Evidentemente, organização significa coordenação de forças com
um objetivo comum, e obrigação de não promover ações contrárias a
este objetivo. Mas quando se trata de organização voluntária, quando
aqueles que dela fazem parte têm de fato o mesmo objetivo e são
partidários dos mesmos meios, a obrigação recíproca que a todos
engaja obtém êxito em proveito de todos. Se alguém renuncia a uma
de suas idéias pessoais por consideração à união, isto significa que
acha mais vantajoso renunciar a uma idéia, que, por sinal, não
poderia realizar sozinho, do que se privar da cooperação dos outros
no que acredita ser de maior importância.
Se, em seguida, um indivíduo vê que ninguém, nas organizações
existentes, aceita suas idéias e seus métodos naquilo que têm de
essencial, e que em nenhuma organização pode desenvolver sua
personalidade como deseja, então estará certo em permanecer de
fora. Mas, se não quiser permanecer inativo e impotente, deverá
procurar outros indivíduos que pensem como ele, e tornar-se
iniciador de uma nova organização.
Uma outra objeção, a última que abordaremos, é que, estando
organizados, estamos mais expostos à repressão governamental.
Parece-nos, ao contrário, que quanto mais unidos estamos, mais
eficazmente nos podemos defender. Na realidade, cada vez que a
repressão nos surpreendeu enquanto estávamos desorganizados,
colocou-nos em debandada total e aniquilou nosso trabalho
precedente. Quando estávamos organizados, ela nos fez mais bem do
que mal. Assim também no que concerne ao interesse pessoal dos
indivíduos: por exemplo, nas últimas repressões, os isolados foram
tanto e talvez mais gravemente atingidos do que os organizados. É o
caso, organizados ou não, dos indivíduos que fazem propaganda
individual. Para aqueles que nada fazem e ocultam suas convicções, o
perigo é certamente mínimo, mas a utilidade que oferecem à Causa
também o é.
O único resultado, do ponto de vista da repressão, que se obtém por
estar desorganizado é autorizar o governo a nos recusar o direito de
associação e tornar possível monstruosos processos por associação
delituosa. O governo não agiria dessa forma em relação às pessoas
que afirmam de modo altivo e público, o direito e o fato de estarem
associados e, se ousasse fazê-lo, isto se voltaria contra ele e em nosso
proveito.
De resto, é natural que a organização assuma as formas que as
circunstâncias aconselham e impõem. O importante não é tanto a
organização formal, mas o espírito de organização. Podem acontecer
casos, durante o furor da reação, em que seja útil suspender toda
correspondência, cessar todas as reuniões: será sempre um mal, mas
se a vontade de estar organizado subsiste, se o espírito de associação
permanece vivo, se o período precedente de atividade coordenada
multiplicou as relações pessoais, produziu sólidas amizades e criou
um real acordo de idéias de conduta entre os camaradas, então o
trabalho dos indivíduos, mesmo isolados, participará do objetivo
comum. E encontrar-se-á rapidamente o meio de nos reunirmos de
novo e repararmos os danos sofridos.
Somos como um exército em guerra e podemos, segundo o
terreno e as medidas tomadas pelo inimigo, combater em massa ou
em ordem dispersa: o essencial é que nos consideremos sempre
membros do mesmo exército, que obedeçamos todos às mesmas
idéias diretrizes e que estejamos sempre prontos a nos reunirmos em
colunas compactas quando for necessário e quando se puder fazer algo.
Tudo o que dissemos se dirige aos camaradas que são de fato
adversários do princípio da organização. Àqueles que combatem a
organização, somente porque não querem nela entrar, ou não são
aceitos, ou não simpatizam com os indivíduos que dela fazem parte,
dizemos: façam com aqueles que estão de acordo com vocês outra
organização. É verdade, gostaríamos de poder estar, todos nós, de
acordo, e reunir em um único feixe poderoso todas as forças do
anarquismo. Mas não acreditamos na solidez das organizações feitas
à força de concessões e de restrições, onde não há entre os membros
simpatia e concordância real. É melhor estarmos desunidos que mal
unidos. Mas gostaríamos que cada um se unisse com seus amigos e
que não houvessem forças isoladas, forças perdidas.